A Ordem dos Arquitetos e a Câmara de Loulé entregaram hoje a Paula del Rio o prémio Maria José Estanco, que distingue a participação de mulheres na criação de obras arquitetónicas de qualidade, disse o presidente da Ordem.
Profissional do gabinete Branco Del Rio, Paula del Rio Huesa (OA 28961) foi distinguida pelo projeto da Praça e Posto de Turismo do Piódão (2022), no concelho de Arganil, precisou Avelino Oliveira, presidente da Ordem dos Arquitetos, copromotora do prémio com a Câmara de Loulé, município de origem de Maria José Estanco (1905-1999).
O presidente da Ordem dos Arquitetos disse à agência Lusa que esta é a primeira edição do prémio Maria José Estanco, distinção que será atribuída bianualmente e que tem associado um valor pecuniário de 15.000 euros.
Avelino Oliveira considerou que se trata de um prémio com «um perfil inovador» e com um «enfoque na questão da coesão, da inovação e da coesão social», que «valoriza projetos de arquitetura que tenham impacto social no meio urbano, ou seja, nas comunidades», e promove a igualdade de género, embora também admita projetos com coautoria de mulheres.
«Neste caso, ganhou a arquiteta Paula del Rio, com uma intervenção na região centro do país, num projeto de espaço público muito interessante e com uma arquitetura de muita qualidade», caracterizou o presidente da Ordem, frisando que a intervenção «junta grande inovação e modernidade com tradição».
O projeto para o Piódão já havia estado entre os finalistas de um dos prémios mais importantes de arquitetura da Europa, o Mies van der Rohe, no ano passado, e venceu um prémio ibérico FAD na categoria de Cidade e Paisagem, entre outras distinções.
Paula del Rio nasceu em 1985 em Soria, Espanha, e estudou Arquitetura em Madrid entre 2003 e 2011, completando o mestrado em Projetos Arquitetónicos Avançados e tendo então começado a sua carreira como docente universitária, segundo o perfil disponível na página do atelier que criou com o português João Branco.
O prémio foi entregue nos Paços do Concelho da Câmara de Loulé, por ocasião do aniversário de Maria José Estanco, que nasceu a 26 de março de 1905 na freguesia de São Clemente, concelho de Loulé, distrito de Faro, e morreu em 1999, em Lisboa.
Em 1942, Maria José Estanco foi a primeira mulher a acabar o curso de Arquitetura, tornando-se também na «primeira arquiteta registada em Portugal» e na Ordem, destacou Avelino Oliveira.
«É um prémio essencialmente dedicado às mulheres arquitetas […]. Nós temos uma Ordem em que praticamente 50% dos nossos membros são arquitetas e nós achamos que o reconhecimento do valor das arquitetas ainda precisa de impulso», justificou.
A distinção é também uma forma de «valorizar o trabalho das arquitetas portuguesas e valorizar obras e qualidade nas comunidades», salientou o presidente da Ordem, que vai a partir de agora atribuir, de dois em dois anos, o prémio Maria José Estanco, em parceria com a Câmara de Loulé.
O júri da primeira edição do Prémio Maria José Estanco 2025, constituído pelas arquitetas Teresa Nunes da Ponte (presidente); Sofia Pontes e Ana Cristina Santos Bordalo, deliberou, por unanimidade, atribuir a distinção à obra premiada por considerar que «preenche plenamente, com simplicidade e delicadeza, todos os fatores de apreciação da obra definidos em regulamento».
Foto: Bruno Filipe Pires