Democracia: «sistema político em que a autoridade emana do conjunto dos cidadãos, baseando-se nos princípios de igualdade e liberdade» (in infopedia).
Estamos em momento de eleições autárquicas, talvez aquele que mais nos influencia no dia a dia, quer pela relação direta que temos com a administração local, quer pela influencia das infraestruturas e do espaço publico que convive conosco, responsabilidade do município.
Aparentemente poderia ser fácil a gestão de um município: por um lado a prestação de serviços como os licenciamentos, de uma forma clara e célere de modo a não ser o principal entrave, e por outro, o que gosto de apelidar de setor produtivo, onde se constrói, renova e mantém o espaço público em condições dignas que nos proporcionam os meios para circularmos ou simplesmente estarmos.
Mas os tempos mudaram, os «engenheiros e os arquitetos das câmaras» que idealizavam as estradas, os jardins, as escolas, os pavilhões desportivos, são hoje técnicos à espera de decisões politicas, e os políticos de hoje já não são os homens de referencia do nosso território.
Perante este binómio – técnicos e políticos – desprovidos de motivação, no caso dos técnicos, e com falta de «mundo» (detesto esta expressão) dos políticos, chegamos a momentos constrangedores de falta de execução dos orçamentos, falta de ideias, falta de estratégia, para além do mandato, caindo numa gestão fácil.
Gestão fácil, que se limita a distribuir dinheiro pelas associações, que muitas vezes dissimulam autenticas empresas com agendas pessoais muito próprias ou que alimentam dirigentes preguiçosos que se refugiam atrás de uma quantidade relevante de sócios ou atletas.
E ainda, promovendo aquilo que tanto faz vibrar alguns, em festas e foguetes, momentos efémeros, mas que enche o ego dos políticos pela luta de quem tem a melhor «comissão da festas» da região.
Acontece é que na vida real os municípios podem e devem fazer a agenda da estrutura económica de um concelho, não «empatando» nos licenciamentos e acompanhando a dinâmica da economia de mercado naquilo que são as suas competências, nomeadamente a gestão do espaço publico e das suas infraestruturas.
A conjuntura económica é favorável à administração pública, e os cofres estão cheios por vias das receitas e da incapacidade de investimento, fazendo com que os saldos transitados sejam, nalguns casos, próximos dos orçamentos anuais dos municípios.
Tão mau gestor publico é aquele que faz a dívida como aquele que não consegue executar o orçamento.
Acresce ainda a incapacidade de usar os financiamentos disponíveis, PRR e PORTUGAL 2030, perdendo-se dezenas de milhões que jamais se recuperarão, e que seriam fundamentais para combater o flagelo da habitação, transversal aos diversos sectores da sociedade.
Foram elaboradas as estratégias locais de habitação, em tempo, e não chegará a um terço a sua execução, perdendo-se todo um potencial único e indispensável, e porquê????
O tempo de execução dos projetos é superior ao prazo de execução da própria obra!!! Até teria piada se não fosse um drama!
E o argumento da burocracia e desenrolo dos concurso públicos já foi tema que convenceu, nunca vi uma festa de passagem de ano acontecer a meio de janeiro devido a problemas com os concursos públicos!!!
Espero bem que qualquer semelhança com outros tempos, primeira década do sec. XXI, onde as «vacas gordas» deram origem a desvarios orçamentais e a dívidas que ainda hoje se pagam por aí não se repitam.
O momento é para decidir, e decidir depois de ouvir: casas aos milhares, sem saberem onde e sem primeiro terem conseguido executar o que estava planeado, mobilidade para todos, sem executar primeiro as vias que os planos já tinham definido há décadas, escolas para todos, sem fazer as obras projetadas há anos, pensar nos idosos, sem se ouvir falar em lares, ou desporto para todos, sem conseguirmos ter um campo informal para simplesmente dar uns «toques na bola»…
Os candidatos estão no terreno… são todos uns corajosos, independentemente dos seus objetivos pessoais e coletivos, e os eleitores têm a responsabilidade de ter a autoridade para decidir, expressando a sua vontade e sentimento sobre o ato em causa.
Durante os próximos dias expressões como, «…para outro fica aquele que já conheço!» ou «…pior não fica!», vão fazer parte das conversas de circunstancia.
Uma certeza tenho, a gestão autárquica transforma os territórios, ou não estivesse à vista de todos as diferenças entre concelhos limítrofes… de espaço públicos, valores de habitação, tipo e valor de comércio, hotelaria ou restauração, com influencia direta nos rendimentos dos respetivos habitantes.
Com políticos com mais ou menos «mundo» (outra vez? – detesto esta expressão!), são este os corajosos que se apresentam, e lembrem-se que daqui a quatro anos há mais.
Por isso, façam um favor a todos nós: Não tenham medo da Democracia.