Luís Carito confirma que é candidato independente à Câmara Municipal de Portimão, num encontro relâmpago com a imprensa ao final da tarde de hoje na Fortaleza da Praia da Rocha.
«Depois de uma reflexão longa, tomei a decisão de apresentar a minha candidatura à Câmara Municipal de Portimão. Gostaria de frisar bem, como independente, apoiado por um movimento com vários partidos, pessoas independentes com e sem partido, e obviamente também com apoio de PSD e CDS, Iniciativa Liberal. Estão a criar uma plataforma no sentido de apoiar esta minha candidatura independente», começou por explicar aos jornalistas.
«Esta decisão foi tomada em definitivo hoje às 15h30 e depois em breve, teremos oportunidade de falar sobre esta situação, mas para acabar com especulações, que entretanto estão a aparecer, gostava de confirmar e pedir que divulguem esta minha posição», pediu.
«Estive afastado, como sabem houve um processo judicial que terminou há cerca de um ano. Esperei calmamente que esse processo judicial clarificasse todas as situações e de todas as acusações que me foram feitas, gostaria de frisar que essa absolvição foi pedida pelo Ministério Público que na altura tinha avançado com a acusação. Pediu aos juízes a minha absolvição e a de todas as partes envolvidas, tendo sido ilibado de todas as situações».
Carito justificou o regresso à vida política com críticas à atual gestão municipal.
«Fiz uma reflexão durante este ano e achei que aquilo que foi um projeto que eu tinha estado envolvido há oito ou dez anos atrás, a determinada altura foi suspenso, não percebi porquê, até porque as pessoas que continuaram pertenciam ao mesmo partido, e agora, ao fim deste tempo, entendo eu e penso que muitos portimonenses também o entendem, a cidade está parada, sem uma perspetiva de futuro, sem uma estratégia, acho que é minha responsabilidade, tendo condições de saúde, físicas e psicológicas, mentais para fazer com que a cidade tome o seu rumo face a um futuro mais risonho e mais feliz, que é altura de o fazer», sublinhou.
E não escondeu uma certa mágoa. «O Partido Socialista não teve qualquer abordagem à minha pessoa durante oito anos. Durante oito anos estive sozinho num processo que foi dirigido a mim e outros camaradas da altura, mas especificamente a mim».
«E portanto, não tendo tido o Partido Socialista, ao fim do processo, qualquer palavra para com a minha pessoa, para perceber se eu estaria disponível ou não, eu entendi que face aquilo que é o ponto da situação nesta cidade, independente de estarmos num período de pandemia com todas as dificuldades sociais e económicas, de saúde, entendo que é necessário dar uma perspetiva de futuro e fazer coisas importantes que faltam fazer para que num novo mundo que se aproxima, que é este mundo pós-pandemia, possamos ser competitivos e resilientes.
«Se calhar esta não é a última pandemia que vai acontecer, outras coisas acontecem no mundo e é preciso que as cidades se dotem de estratégias para enfrentar estas situações», disse.
Em relação ao passado, o antigo vice-presidente da Câmara Municipal de Portimão rejeitou responsabilidades nas contas da autarquia e garantiu que tinha a situação controlada.
«A dívida que foi deixada na autarquia era uma dívida que estava perfeitamente sustentada. Estava previsto já um plano de estruturação financeira que entretanto não continuou porque aconteceu o que aconteceu, as pessoas foram retiradas dos lugares em que estavam. Era uma dívida perfeitamente estruturada, havia um plano, e é preciso colocarmo-nos na altura, em que apareceu uma crise económica» mundial.
«A dívida estava sustentada e iria ser paga ao longo de anos, como tem vindo a ser, mas não apenas numa perspetiva de pagar dívida. Era numa perspetiva de criar desenvolvimento na cidade. O que aconteceu ao longo dos últimos anos é que foi paga alguma dívida, deveria ter sido paga muito mais de acordo com aquilo que era o plano de abatimento da dívida e por outro lado, a cidade não se desenvolveu», afirmou.
Aliás, «a culpa da dívida não é verdade. Eu pergunto onde é que estão mais de 500 milhões de euros que a autarquia recebeu ao longo destes anos. Sabe qual era o valor da dívida? Façam as contas, mas isso é algo que iremos discutir mais à frente. Eu tenho os números. Eu só deixo a pergunta no ar. Onde estão os mais de 500 milhões de receita que a autarquia teve, o que é lhes fez? Não investiu. Pagou alguma dívida que não foi toda. Acho que falta aí muito dinheiro para saber onde é que foi aplicado e como é que foi gerido».
E foi mais longe ao rejeitar a acusação de ter deixado o município na falência.
«Rejeito completamente. A Câmara não estava na falência. A Câmara tinha dívida, tinha um plano estruturado de pagamento ao longo dos anos. Posso dizer que havia mais de 3 mil milhões de investimento previsto para a cidade e entretanto acabaram por não avançar muitos projetos que estavam previstos e que iriam dar uma receita superior para a câmara pagar essa mesma dívida», afirmou.
«Eu não me sinto responsável por aquilo que foi feito em termos de pagamento da dívida nestes últimos anos. Eu e os camaradas que estavam comigo na Câmara Municipal de Portimão, tínhamos um plano em que o esforço financeiro que a Câmara tinha não era significativo em relação ao volume de receitas».
«A questão da dívida é uma falsa questão. Estou à espera que esse seja o leitmotiv de uma campanha mas eu irei explicar com números, com dados, e efetivamente vou falar».
Questionado sobre se se sente bem acompanhado por PSD e CDS, depois de todas as críticas que lhe fizeram na oposição, Carito também desdramatizou.
«Os partidos funcionam da forma que devem funcionar com as pessoas que estão à frente. As pessoas que estavam nestes partidos, algumas ainda estão e outras não».
«O que eu quero dizer é que tenho um projeto para esta cidade, irei discutir não só com PSD e CDS mas com toda a população. Se a população de Portimão entender que é um bom projeto que temos para apresentar, os partidos são puramente veículos. Eu continuo a ter as convicções que tinha antes, não as perdi, durante muitos anos militei num partido e essas convicções políticas mantenho-as. Uma coisa são as convicções políticas outra coisa são os partidos e as pessoas que os dirigem».
«A social-democracia e o socialismo democrático são o caminho para uma sociedade democrática. Não alterei o meu pensamento em relação a isso».
Por outro lado, não confirmou nem desmentiu que terá o apoio de Manuel da Luz.
Carito censurou o «burburinho» na comunicação social, antes mesmo de ter tomado a decisão.
«Pedi para estar convosco para vos dizer que sou candidato independente, apoiado por partidos e por independentes. Em breve, muito breve, na próxima semana, terei oportunidade de falar com mais profundidade. Estarei aberto e disponível», garantiu.