Mestre seguidor da linha mais antiga e pura do jiu-jitsu brasileiro ensina esta arte marcial cujo objetivo é executar um golpe final de submissão ao adversário em Albufeira e Portimão, com provas dadas em competições internacionais.
Mauro Sérgio Chueng da Silva, 41 anos, é um caso típico de iniciação em artes marciais para defesa da sua integridade física. Nasceu na favela Cantagalo, no Rio de Janeiro, onde foi vítima de bullying, até que um irmão mais velho o aconselhou a experimentar o jiu-jitsu, em 1991, com apenas 13 anos de idade.
Discípulo da linhagem mais antiga e pura do jiu-jitsu brasileiro (desenvolvida pela família Gracie, Mitsuyo Maeda e Sérgio Sousa), entrou no Campeonato Mundial em 1996, com a faixa roxa. Em 1999, tornou-se faixa preta e em 2005, já residente em Portugal e com os mais importantes títulos brasileiros no seu palmarés, foi medalha de prata no Campeonato Europeu. Em 2009, competiu em Mixed Martial Arts, o topo da competição em artes marciais.
Agora é faixa preta de 5º grau e um dos fundadores e líderes do Rio Grappling Club, que promove a modalidade em 23 países, espalhados por quatro continentes. Mauro veio para Portugal há 17 anos e não demorou muito a instalar-se em Albufeira onde abriu a sua academia.
Mas, como disse ao barlavento, a cidade «tem muita população migrante, que vem trabalhar no verão e depois regressa às origens, na época baixa, ou então fica em Albufeira apenas dois ou três anos. Perco muitos alunos por causa disso».
Por isso, decidiu alargar a sua academia a Portimão, já lá vão sete anos, onde há «material humano muito bom, com a juventude local muito interessada, que dá garantia de continuidade», considera.
Mauro Chueng foi mesmo o primeiro a introduzir esta modalidade na cidade do Arade e, segundo nos diz, «agora é que se está a iniciar verdadeiramente o jiu-jitsu no Algarve, com muita gente a entrar e com escolas e ginásios a investir nesta arte marcial.
Mas, no início, o interesse estava apenas naquilo que aparecia nos filmes, como o karaté, o boxe ou o kung fu». Então e qual a diferença? «O jiu-jitsu é uma arte milenar, que dizem ser a mãe de todas as outras», começa por explicar.
«Era praticada pelos monges para protegerem as suas famílias. Mas era uma arte suave, não agressiva, baseada simplesmente em controlo e domínio. Os japoneses descobriram-na e tornaram-na mais eficaz. Meteram golpes e contorções, tornando-a perigosa e fatal. Se alguém graduado em jiu-jitsu lutar na rua, com alguém sem conhecimento de artes marciais, terá a vida do adversário nas mãos. Pode partir-lhe o pescoço, a coluna, um joelho ou um braço, se o quiser fazer», admite.
Por essa razão, os japoneses não queriam ensinar esta arte e, quando alguém a desejava aprender, ensinavam o judo, mas apenas a projeção, sem movimentação no solo.
Luís Palmeiro, portimonense de 44 anos, está desde sempre ligado às artes marciais, tendo iniciado a atividade desportiva aos 14 anos, no kung fu. É faixa roxa de terceiro grau em jiu-jitsu e um dos pilares da Academia. Aliás, tem sido um dos quatro alunos com que Mauro Chueng iniciou a sua prática em Portimão. Hoje há mais de 20 praticantes, embora já tenha havido 30, mas a dificuldade da modalidade leva à desistência de muitos».
Por outro lado, «em termos visuais, o jiu-jitsu não é apelativo. Olhamos e apenas vemos duas pessoas engalfinhadas. Contudo, nesse momento, está a processar-se uma ação muito minuciosa, que irá levar à imobilização do adversário».
Há quem compare esta arte marcial ao jogo de xadrez, porque ambos são estratégicos. Os movimentos iniciais não atacam o elemento fulcral (o rei ou o ponto vital escolhido), mas vão preparando o terreno para a vitória final. E, em ambos, há várias opções, que vão sendo atualizadas, dependendo das respostas do adversário, o qual tenta fugir às reações reflexas e esperadas e contra-atacar. É uma arte proativa. «Embora o nome jiu-jitsu signifique arte suave, obriga a grande esforço físico, devido à movimentação no chão», diz Palmeiro.
«Mesmo os praticantes de outras artes marciais levam um certo tempo até se movimentarem bem no solo, onde o peso, a idade e a força física perdem importância. Dois minutos é o tempo máximo que um não-praticante aguenta sem desistir».
Competir nesta modalidade, como nas outras, torna-se caro e há poucos patrocinadores. A Academia Mauro Chueng Jiu-jitsu nunca se candidatou a subsídios municipais, mas, devido aos bons resultados obtidos ao longo da sua existência, os responsáveis consideram oficializar um clube desportivo, com local próprio para treinos e com condições para apresentar a candidatura a apoios, em pé de iguldade com outros clubes do concelho, de forma a conseguirem melhorar ainda mais a sua performance.
Neste momento, treinam nas instalações do CrossArade, na zona ribeirinha de Portimão, frente ao Burger Ranch, um dos patrocinadores. Quem estiver interessado em experimentar deve contactar a academia através de email ([email protected]).
Historial da Academia
2013
Campeonato Português de Jiu-Jitsu – faixa branca
Ouro – Robin; Hélio (categoria e absoluto)
Prata – Tamas; Pinto
Bronze – Rodeira
Portugal Grand Slam – faixa branca
Ouro – Robin; Rodeira
Prata – Pinto
Bronze – Rodinelli; Robin (absoluto)
Portugal Nacional Open – faixa branca
Ouro – Arez; Rodeira
2015
1ª Copa Buffalo – faixa azul
Ouro – Palmeiro
Prata – Rodinelli
Bronze – Rodinelli (absoluto); Alexandre
2016
Campeonato Português
Ouro – Rui Fernandes (faixa branca)
Prata – Betão (faixa azul)
Portugal Nacional Open
Ouro – Betão (faixa azul)
Prata – Palmeiro (faixa azul)
2017
Portugal Nacional Open
Ouro – Gonçalo Pinheiro e Gustavo Sousa (faixa branca); Betão (faixa roxa)
Prata – Betão (faixa roxa absoluto)
Bronze – João Poucochinho (faixa branca)
2019
Portugal Nacional Open
Ouro – Betão (faixa roxa); Miguel Lima (faixa branca)