De sorrisos e abraços estão os algarvios cansados. Quando um dirigente máximo de um partido visita uma região em convulsão, tem que se lhe exigir que passe da solidariedade aos factos.
O mínimo que se obrigava, porque não veio desconhecedor, era que nos apresentasse um plano de ação imediata e outro de estratégia para o longo percurso até maio… uma vez que entende que o governo não está a fazer o que prometeu nas suas várias incursões.
Sendo o Partido Social Democrata (PSD) o maior partido de oposição da democracia burguesa, tem enormes responsabilidades ao nível da opinião e da decisão.
O PSD, que já teve maiorias na região e não mudou um milímetro da prevalência do turismo na economia, até incentivou na sua ação nos órgãos decisores, tem de ser claro sobre como escalonar e incentivar as outras formas de economia e rendimentos, sabendo que os campos algarvios (ainda) não são o deserto e nem o mar nos deve fugir da boca.
Os algarvios não querem ser peças de museu ou simplesmente guias e servidores turísticos.
A massa crítica aqui residente e formada, pode exercer funções em sectores variados havendo planos e investimento público e privado para o efeito.
Repetidamente, todos os programas eleitorais escrevem vulgaridades sem qualquer intenção de mudança de contexto.
O Algarve foi seguramente uma das regiões mais castigadas pelas três bancarrotas da era pós 25 de Abril de 1974.
Invariavelmente, os discursos reconhecem e falam de outras necessidades, mas em Lisboa não se fazem ouvir.
Somos preteridos no esforço nacional dos serviços de transporte aéreo e ferroviário.
As linhas de circulação europeia na aviação estão entregues a interesses sazonais que nos abandonam metade do ano e, as ferroviárias, são o desastre que se conhece que nem os planificadores da grande circulação europeia reparam que existimos.
Os espanhóis mais uma vez agradecem que a Andaluzia seja o fim de linha.
E para que o corridinho nos canse de promessas, de um lado da ponte do Guadiana viaja-se com o Estado a perceber a importância estratégica dos vindos de um país bem mais pequeno, enquanto ao país de maior dimensão e poder de compra se barra a entrada com talões e despesas de utilizador-pagador.
Tantos milhões perdidos na economia regional e nos bolsos do Estado, para favorecer patos-bravos e conveniências políticas…
O doutor Rui Rio, acho que passou despercebido no Algarve. E não foi pela corte de boas-vindas, que estavam bem aprumados e mascarados.
Não deixou qualquer mensagem ou atitude de confronto com os desequilíbrios que sofremos.
O PSD tem mais responsabilidades para além de denunciar. Isso, já os algarvios fazem há muito para mensageiros de ouvidos moucos e apostados em umbigos que saltam de mordomias em mordomias (coisas de partidos). Queremos factos!
Boa viagem, doutor Rio. Deixou a fotogenia! Há um passado por analisar que passou ao lado. Vir constatar o que sabemos… «uma emergente crise social quando ela já tem forma e dor».