A Fuseta e Ílhavo ficaram unidas no sábado, dia 18 de maio, por um protocolo de geminação assinado pelos presidentes da União de Freguesias de Moncarapacho e Fuseta e da Freguesia de São Salvador de Ílhavo, em cerimónia que se realizou no auditório da junta de freguesia desta localidade do distrito de Aveiro e que contou com a presença de cerca de uma centena de habitantes da União de Freguesias, incluindo antigos pescadores da pesca do bacalhau, que foi o principal elo de ligação entre as duas localidades piscatórias.
«Na génese desta amizade entre as populações das duas freguesias está a pesca do bacalhau na Terra Nova. Desde o séc. XIX que se estabeleceu entre os pescadores da faina maior oriundos das duas localidades uma relação cordial e afetiva, que será perpetuada com este protocolo de geminação, sedimentando assim os laços de união e de coesão entre as nossas comunidades.», referiu Manuel Carlos, presidente da União de Freguesias de Moncarapacho e Fuseta.
O autarca algarvio também prometeu empenho em «desenvolver e aprofundar as relações entre as duas freguesias, porque acreditamos que este protocolo vai traduzir-se em benefícios efetivos para os cidadãos que representamos, promovendo o intercâmbio sociocultural e desportivo, através da realização de ações e projetos comuns.». Manuel Carlos crê ainda que serão abertas novas portas para o turismo, contribuindo assim para o desenvolvimento dos dois territórios.
«Um momento importante para as duas freguesias», salientou João Campolargo, presidente da Freguesia de São Salvador de Ílhavo, desejando ainda que se «repitam outros momentos de encontro entre as duas freguesias e respetivas populações.». Foi Marques da Silva, investigador ilhavense, que abriu portas a esta geminação entre a Fuseta e ílhavo: «É um tributo às gerações anteriores», justificou.
A comitiva que viajou do Algarve teve oportunidade de visitar o Museu Marítimo de Ílhavo – que guarda muitas memórias da pesca do bacalhau – e o Museu da Vista Alegre, além de ter assistido à 2º Gala da Freguesia de São Salvador.
Em quase todas as ruas e casas da Fuseta e de Ílhavo existem memórias dos tempos da pesca do bacalhau nos mares do Atlântico Norte e a tripulação de muitos navios bacalhoeiros era constituída, sobretudo, por pescadores das duas localidades, estabelecendo-se então uma forte ligação de amizade e camaradagem, consolidada na dura tarefa da pesca à linha nos dóris e depois à noite a bordo do navio, nos trabalhos de preparação e conservação.
Ílhavo já tinha mostrado a tradição algarvia da pesca do bacalhau, numa exposição do fotógrafo Hermano Noronha, da qual constou a história de Joaquim da Graça Gorgulho, de Santa Luzia, que fez 12 campanhas a bordo do lendário lugre «Argus».