Pandemia obriga a cortes no pessoal.
O presidente executivo da Ryanair disse ontem, terça-feira, 1 de setembro, em entrevista telefónica à Lusa, que a companhia aérea está a «avaliar a operação em Portugal», nomeadamente em termos de custos, referindo que pretende «manter o maior número de empregos possível».
«Temos de cortar os nossos custos de trabalho no curto prazo, mas não de forma pouco razoável. Temos de cortar agora e depois restaurar o pagamento, para tentar manter os postos de trabalho, o mais possível», indicou Eddie Wilson. O presidente da Ryanair pretende «chegar a um acordo nesse sentido com os trabalhadores portugueses», indicou.
«Temos um sindicato muito vocal, que não conseguiu um acordo com a Ryanair e que parece passar todo o seu tempo com a comunicação social em vez de com a companhia e acho isso lamentável, especialmente tendo em conta que conseguimos concluir acordos na maioria dos outros países europeus», assegurou.
Indicou ainda que o grupo está «a fazer uma avaliação agora sobre os custos de pessoal e aeroportos e qual a situação de quarentena em Portugal, para decidir quais serão os números do tráfego [que pretende atingir]».
Eddie Wilson defendeu ainda que a empresa é um «um grande contribuidor para a economia portuguesa», operando «o ano todo», e apoiando o turismo e o emprego.
No dia 21 de agosto, o diretor de Recursos Humanos da Ryanair disse, em entrevista à Lusa, que há «uma perspetiva real de cortes selvagens em Portugal» na temporada de inverno em termos de capacidade e aviões, devido à pandemia COVID-19.
«Estamos a enfrentar tempos muito incertos, e há uma perspetiva bem real de cortes selvagens em Portugal este inverno em todas as nossas bases, em termos de capacidade e em termos de aviões», disse o diretor de Recursos Humanos da Ryanair, Darrell Hughes, numa entrevista por telefone à Lusa.
Instado a concretizar e a dar números, o responsável da companhia aérea irlandesa de baixo custo referiu que «há a possibilidade de cortes selvagens em qualquer lado» na operação da empresa na Europa, remetendo para o anúncio já feito de que a empresa iria cortar 20 por cento do seu horário planeado para setembro e outubro.
Darrell Hughes lembrou que a empresa tem um acordo com os pilotos «para manter as pessoas empregadas, o que pelo menos lhes dá alguma proteção», mas afirmou que «não está em modo de recrutamento», mas sim «em modo de sobrevivência e reconstrução».
O diretor da Ryanair disse ainda que, tal como a empresa já tinha adiantado à Lusa, não planeia «usar nenhum pessoal da Crewlink no inverno», numa referência à empresa de trabalho temporário que opera há mais de 10 anos em Portugal e tem como único cliente a Ryanair.